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Não Me Façam Perguntas Difíceis a Esta Hora

Blog sobre Livros, Cinema e Séries, mas principalmente sobre livros. Sem esquecer, as peripécias com a filha ou mesmo sem ela...

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05.10.19

Ontem. Viste o Episódio?#16 Joker


Tânia Oliveira

Hello, 

Hastag #IBlogEveryDay - dia 5

Este post estava complicado de publicar, as palavras, por vezes, não fluem com a facilidade necessária quando estamos mortos por partilhar os sentimentos quanto a algo que vimos.

E hoje, a rubrica é sobre o filme do momento: Joker. 

São vários os elementos que relacionamos com a figura do Joker no cinema: o riso ensurdecedor e interminável, o cabelo verde, as pinturas usadas na cara que relembram um palhaço, os olhos que espelham uma violência gritante, mas silenciosa ao mesmo tempo. Este era o Joker que todos esperávamos ver no filme realizado por Todd Philips, mas Joaquin Phoenix trocou-nos as voltas e numa bandeja de ouro, deu-nos uma interpretação irrepreensível de um Joker diferente de tudo o aquilo que já se viu. 

A personagem de Joker de Joaquin Phoenix foi inspirada numa personagem de Victor Hugo da obra, O Homem que Ri. Nesta obra de Victor Hugo, a personagem principal (Gwynplaine) também sofre de um passado doloroso, que transparece nas linhas faciais. O seu rosto possui um lado trágico-cómico. Tal como Gwynplaine, Joker carrega no seu rosto o desejo profundo de fazer rir, mas todas as suas tentativas acabam por sair frustradas ou até corrompidas por terceiros. Contudo, Joker não transporta só esta dualidade em si mesmo - a tragédia e a comédia-, é também o espelho de uma doença que só é identificada pelo próprio espetador com o desenrolar da ação. Não querendo spoilar, vou só referir que a doença é mental, fá-lo imaginar situações que não aconteceram na realidade, entre outros aspetos. Toda esta dimensão, a de não conseguir fazer o que mais deseja na vida - fazer os outros rir -, conjugada com a constante falta de sorte e com a doença mental de que padece e a qual, não é tratada devidamente, faz com que Joker eleve a sua genialidade a um nível que ninguém previu. 

O filme foi construído, de modo, a que o próprio espetador sinta empatia com aquela personagem frágil. Foi pensado de forma a que o espetador sinta vontade de se levantar da cadeira e ir ajudar aquela pessoa, para que uma vez tudo lhe corra bem, para que ele se sinta feliz. Ironicamente, Feliz é o nome que a mãe lhe chama e é algo que ele nunca sentiu na vida. Minto, ele acaba por sentir felicidade quando liberta toda a genialidade encerrada em si, quando assume a sua verdadeira identidade, a de Joker. Engraçado, como uma figura desengonçada, facilmente esquecida num baralho de cartas conseguiria causar tantos estragos numa cidade como Gotham. Isto foi só uma pequena menção ao trabalho psicológico de que Joaquin Phoenix fez. Falta mencionar o esforço físico realizado pelo ator: refiro-me à perda de peso a que se submeteu de modo a ficar perto de uma figura frágil e esquelética; à pesquisa realizada da doença mental que o conduz a ter ataques de riso incontroláveis de cada vez que é confrontado ou se encontra numa situação desconfortável; ou mesmo à dança protagonizada pelo Joker quando a identidade doentia e malvada subjugava a de Happy, mais frágil e submissa. Os próprios momentos de dança de Joker fazem lembrar uma ópera, pelos movimentos fluídos acompanhados de música mais clássica, numa primeira fase; já numa segunda fase, os movimentos modernizam-se, tal como a banda sonora, sendo mais francesa ou mesmo dos anos 60; numa última fase, a banda sonora transforma-se de igual forma a Joker, em que a identidade deste acaba por ser cada vez mais violenta. 

No final, apesar de toda a violência cometida por Joker, ele é visto como um herói, adorado pelos mais fracos. Finalmente, tem a aprovação e adoração que sempre quis durante toda a sua vida e que nunca obteve. Obteve-a de forma ilusória, nunca real, uma consequência da sua doença mental. É só mais uma razão para que o próprio público tenha sentimentos muito ambíguos quanto a Joker porque também ele veio da classe mais baixa, também ele sofreu, como os mais injustiçados e também ele só queria a aprovação, que qualquer um de nós já desejou em algum momento da vida. 

Por estas razões e mais algumas, o Óscar de Melhor Ator é de Joaquin Phoenix porque ele teve a genialidade de agarrar numa personagem - já trabalhada por atores como Heath Ledger (Vencedor de óscar de Melhor Ator Secundário Póstumo) ou mesmo Jack Nicholson ou Jared Leto - conhecida e simplesmente, mostrou como se faz. 

Kisses,

Mummy. 

2 comentários

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    Tânia Oliveira

    09.10.19

    Vale mesmo a pena. Por vezes, tenho medo de sugerir um filme porque os gostos não deixam de ser subjectivos, mas este filme está muito bom. Arrisco-me a dizer que se ele não for candidato para Óscar de melhor filme, Hollywood tem um grave preconceito para resolver. Óscar de melhor actor para Joaquin Phoenux, nem há dúvidas.
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