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Não Me Façam Perguntas Difíceis a Esta Hora

Blog sobre Livros, Cinema e Séries, mas principalmente sobre livros. Sem esquecer, as peripécias com a filha ou mesmo sem ela...

Não Me Façam Perguntas Difíceis a Esta Hora

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31.08.22

#29 Opiniões Negativas ou Positivas?


Tânia Oliveira

Olá!

Hoje, venho falar-vos sobre a minha opinião de opiniões positivas ou negativas. Em qualquer lado, vê-se opiniões de livros, seja em blogs, instagram, youtube, twitter. As opiniões são prolíficas, mas é raro encontrar uma opinião negativa quando um livro não corresponde aos príncipios básicos da escrita. Sim, refiro-me a estrutura narrativa, ortografia, gramática, etc. 

O ditado é antigo: cada cabeça, sua sentença. Mas existem parâmetros que deveriam ser iguais para todos. Existe uma grande diferença entre gostarmos de um livro e ele estar bem escrito. Quando me refiro a bem escrito, não me refiro a uma obra de arte, mas sim a um texto narrativo bem construído. Um texto, em que os seus elementos estejam bem definidos, em que os elementos linguísticos e gramaticais estejam em conformidade. Dito isto, existem livros que cumprem uma parte destes requisitos, mas não cumprem a outra. A culpa, se é que podemos dizer a culpa, não é só dos autores, é também partilhada pelos revisores e pelas editoras que representam. 

Ao escrever uma estória, o autor está agarrado a ela, de forma única. É uma forte ligação emocional. Esta ligação reflete-se depois no processo de revisão que o próprio autor faz, antes de enviar à editora. O fato de rever, vezes sem conta, conduz o autor a um estado de exaustão que chega a um ponto que não "vê mais nada à frente", tal é o cansaço psicológico. Já para não referir do medo de retirar algo importante ao seu texto e deixá-lo sem nexo. Daí a importância do revisor, é ele que elimina as partes "chatas" ou dispensáveis, que verifica os aspetos gramaticais, ortográficos. Contudo, quando não há revisão, quem sofre é o texto e por conseguinte, o leitor que se depara com um texto final que não está próprio para consumo. É perante estes casos que não percebo a inexistência de críticas construtivas, que aos olhos do público em geral e do autor e da sua equipa poderão ser vistas como negativas, contudo necessárias para o melhoramento do escritor e da obra. Não existindo este tipo de análise, e só escrevendo, sob influência emocional, a nossa opinião do livro, não estamos a ajudar a literatura no seu todo. 

Alimentando de forma positiva, com opiniões positivas e vendas, livros em que as temáticas das estórias não refletem uma análise mais profunda da narrativa, não podemos esperar textos de qualidade. Podemos exigir, porém, enquanto leitores e consumidores de literatura e cultura no geral. Podemos exigir textos com mais qualidade, nos quais os temas mais difíceis sejam o impulso da narrativa e não lá estejam apenas para "shock value". Podemos exigir uma melhor selecção de textos por parte das editoras e melhores condições de trabalho tanto para revisores, tradutores, paginadores, para todo o pessoal técnico que trabalha em livros. 

Vivemos num mundo em que a frontalidade é confundida com a brutalidade. Vivemos num mundo em que o risco de sermos cancelados, por uma palavra dita ou escrita, é um risco iminente. Vivemos num mundo, em que podemos exigir mais e melhor. Mas para isso, temos de todos fazer a nossa parte. Isto é, quando for para opiniar, distinguir na nossa opinião a parte emocional da parte técnica. 

Kisses,

Tânia Oliveira