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Não Me Façam Perguntas Difíceis a Esta Hora

Poderia ser um blog sobre tudo e mais alguma coisa, mas o principal são os livros.

Não Me Façam Perguntas Difíceis a Esta Hora

Poderia ser um blog sobre tudo e mais alguma coisa, mas o principal são os livros.

22.01.21

Sobre o Livro #45 Pecados Santos de Nuno Nepomuceno


Tânia Barriga

Olá :)

Pecados Santos é segundo livro da saga de Afonso Catalão e digamos que, para além de me arrebatar o coração, foi o meu livro preferido de 2020. 

Neste segundo livro da saga, Nuno Nepomuceno aborda com mais profundidade de Afonso Catalão, enquanto este é mais uma vez envolvido na resolução de vários crimes que ocorreram nas sinagogas e imitavam passagens dos 10 Mandamentos. 

Este livro é intenso do príncipio ao fim. Enfrentamos a questão israelita e o ódio com que se deparam, como também vemos as consequências negativas que a sociedade muçulmana sofreu devido ao livro anterior, A Célula Adormecida. Mas este livro não se resume a questões religiosas, é mais abrangente. Envolve questões pessoais, lutas com o passado e tentativas do enterrar de vez. Deparamo-nos com personagens femininas muito variadas, mas nem por isso, descritas como fracas. Fortes à sua maneira e lutadoras, para o bem ou para o mal. Ao contrário do que aconteceu com o livro A Célula Adormecida, as personagens masculinas são fortes, mas não tão fortes como as masculinas. Atrevo-me a dizer que quase assumem um plano secundário, todavia relevante e imprescíndivel para a história. As personagens Alice e Diana são as minhas favoritas, enquanto David e Isabel mexeram com  o meu sistema nervoso. A parte final do livro traz uma reviravolta com as personagens que acho que ninguém estaria a espera. Quer dizer, eu estava porque li o livro seguinte da saga "A Última Ceia" sem ler este antes. 

Pecados Santos remexe com o passado de Afonso Catalão, daí existirem duas linhas temporais distintas, contudo interligadas. Estes capítulos serão importantes para o leitor entender o passado de Afonso. Com este livro entendemos o porquê de ele estar constantemente atormentado, de querer ser deixado em paz, mas atrair problemas ou situações especialmente conflituosas. 

Este foi o meu livro preferido de 2020: o passado conturbado das personagens, a forma como lutam, os aspetos religiosos, os plots twists deram cabo de mim. Já para não falar do final que foi simplesmente uma facada no coração. 

Já agora, digam-me qual foi o vosso livro preferido de 2020 e porquê?

Kisses,

Tânia Oliveira

 

17.01.21

Sobre o Livro #44 A Célula Adormecida de Nuno Nepomuceno


Tânia Barriga

Olá :)

Hoje a review será sobre a reedição do primeiro livro da saga Afonso Catalão: A Célula Adormecida. 

Neste livro, um ataque de um bombista suicida despoleta uma série de eventos na comunidade muçulmana, em Lisboa. Com um evento internacional prestes a ter lugar em Lisboa, está tudo em alvoroço. Afonso Catalão encontrar-se-á envolvido nesta situação e na resolução da mesma, devido aos seus conhecimentos sobre a religião islã. Todavia, não será o único. A repórter Diana também deseja descobrir toda a verdade. Será que conseguirão salvar este evento político que se aproxima? Será que irão trabalhar juntos? Será que o preconceito vencerá ou a verdade virá ao de cima?

Este livro é um thriller religioso, ao que contrário de muitos, que se foca na religião islã, na sua comunidade e nos mais diversos preconceitos que enfrenta num país ocidental. É um livro que possui uma diversidade de personagens de todos os estratos da sociedade, sejam eles muçulmanos ou cristãos ou mesmo não crentes. Na minha opinião, esta é uma das melhores qualidades deste livro: falar sobre as mais variedades situações que os muçulmanos enfrentam, em particular quando alguém do seu credo comete um ato selvagem e têm de lutar contra o preconceito religioso. Nuno Nepomuceno marca diferença, ao abordar situações tão básicas, mas ao mesmo tempo tão importantes, como a ida à mesquita ou o tratamento médico, por exemplo. Contudo, este livro é mais do que isso. Em determinadas situações do livro, o autor tem a (rara) sensibilidade em retratar os sentimentos das personagens femininas, sem as diminuir, sem as tornar fracas e à procura do príncipe encantado. 

O autor não escreve com medo quando fala das injustiças sociais e religiosas, não pretende ser politicamente correto e o leitor agradece, ou pelo menos eu, agradeço por isso. 

Quanto à personagem principal, Afonso Catalão fez um trabalho excelente na sua criação. Creio que poderá ser uma personagem que não agrade a todos, mas pessoalmente, gosto de personagens fortes, com os seus desafios pessoais para resolver, mas que não sejam colocados na história de forma forçada. E acreditem, não foi. Sente-se a dor, a angústia, a frustração. Mas também se sente raiva ou pelo menos incompreensão quanto a uma personagem ou duas. É normal, existir este misto de emoções. (Quem ler o livro, aperceber-se-á a quem me refiro!) Pondo em contexto tudo aquilo a que certas personagens passaram, é mais fácil ceder ao ódio, do que o oposto. E até na abordagem desta hipótese tão comum, infelizmente, o autor fez um trabalho imaculável. 

Não existem personagens 100% boas ou 100% más, existe sempre várias camadas. Todas elas bem visíveis em todas as personagens "boas" e "más". No fundo, é tudo uma questão de contexto, seja na ficção ou na vida real. 

Antes de acabar a review, queria somente deixar uma pequena nota. Muitos de nós leitores, eu incluída, quando comparamos capas feitas no estrangeiro com aquelas publicadas aqui, pensamos: MAS PORQUÊ? Existe tanto talento em Portugal, aproveitem-no. Esta reedição é linda, maravilhosa, fiquei sem palavras quando a vi pela primeira vez. E este trabalho foi feito: Vera Braga, designer. Muitos parabéns :)

Já mergulharam nalguma das obras do Nuno Nepomuceno?

Se sim, digam o que acharam. Vamos trocar ideias :)

Aqui em baixo ou no insta @blog_nmfp

Kisses, 

Tânia Oliveira

11.01.21

Sobre o Livro #43 A Noite em que o Verão Acabou de João Tordo


Tânia Barriga

Existem opiniões difíceis de dar, não sabemos por onde começar, não sabemos o que opinar ou deixar de opinar com medo de provocar qualquer tipo de spoiler. 

A Noite em que o Verão Acabou de João Tordo, um thriller de 667 páginas é um exemplo perfeito disso. 

Este livro está divido em três partes: prólogo, primeira e segunda partes. 

No prólogo, o autor apresenta-nos o caso que vai desenrolar-se ao longo do livro, mais concretamente a morte da personagem Noah Walsh e todas as circunstâncias envoltas da misteriosa morte dele.

Na primeira parte, conhecemos as famílias participantes nesta história, os Taborda e os Walsh. Os Taborda representam a típica família portuguesa, em que os pais iam de férias com os seus filhos e tudo atrás, enquanto os Walsh só levavam a bagagem carregada de preciosidades. Nesta primeira parte, o autor leva o leitor a viajar pelos finais dos anos 80 até aos finais dos anos 90. Conhecemos as personagens principais de ambas as famílias, Pedro, Laura, Levi e Noah. Nesta parte, o autor dá a conhecer  a adolescência do personagem principal, Pedro, e como conheceu Laura e como a relação deles se desenvolveu. Para além disso, conhecemos o percurso académico de Pedro e as peripécias que ocorrem. No meio disto tudo, como se isto não fosse suficiente, tenta resolver o caso da morte de Noah Walsh. 

Na segunda parte, vemos as consequências de todas as peripécias ocorridas na primeira parte e a resolução do caso da morte de Noah. 

Porque é que este livro é tão bom?

1. Temos personagens muito diversas, Pedro, Laura, Levi, Noah, Gary. Todas elas com características muito diferentes e com evoluções distintas. Se em Pedro, o leitor poderá sentir de "dar um par de estalos" por causa da "conice" dele e de achar a Laura "aquela popular que mete nojo, mas que ninguém sabe a vida que tem e por aquilo que passou", Gary a personificação "do professor brilhante, mas escritor frustrado", de Noah "o pai perfeito fora de quatro paredes" e Leah "a típica mãe interesseira". 

2. O autor fez um belo trabalho na construção das duas famílias e na sua descrição, ao longo do livro. Devo confessar que as descrições das avós eram das minhas passagens preferidas e funcionavam como "comic-relief", sem o necessariamente o serem. 

3. O suspense. Foi terrível, à medida que o leitor avança, pensa que vai desvendar o crime ou uma pista dele. Só para descobrir que não. 

Foram 667 páginas, em que muitas vezes pensei que poderiam ser menos. Contudo as descrições longas, apesar de serem isso mesmo longas, são necessárias para ajudar o leitor a ambientar e a sentir que está naquela terra típica norte-americana ou portuguesa. Apesar de tudo, achei o thriller bom para um thriller de iniciação de João Tordo.

Mas o thriller de João Tordo não se resume a isto. 

Para além da parte que se poderia resumir à resolução do crime, o leitor também se depara com a evolução académica e profissional da personagem principal, Pedro Taborda. Os anseios, os medos e a vontade de conseguir escrever um best-seller, um livro que marcará os leitores. E é esta parte que torna este livro diferente. Dei por mim, em vários momentos do livro, a achar que estaria a ler uma autobiografia disfarçada de thriller baseada na vida do próprio autor, João Tordo. Se é verdade ou não? Não saberemos, aliás é aí que reside a beleza da literatura. 

Mergulhem nesta história e espero que a desfrutem tanto como eu. Antes de finalizar este post, só queria chamar a atenção para uma coisa: Trigger Warning - passagens do livro que poderão levar um leitor a relembrar traumas pessoais ou a sentir-se mais desconfortável. Apesar de saber antemão que thrillers são sinónimos de livros que contêm violência, de todos os géneros, para quem não está habituado poderá encontrar surpresas pouco agradáveis. Por isso, neste livro poderão encontrar passagens que estão relacionadas com violação, violência e pedofilia. 

Quem já leu, o que achou?

Deixem a vossa opinião nos comentários ou na página do insta @blog_nmfp

Kisses,

Tânia Oliveira