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Não Me Façam Perguntas Difíceis a Esta Hora

Blog sobre Livros, Cinema e Séries, mas principalmente sobre livros. Sem esquecer, as peripécias com a filha ou mesmo sem ela...

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14.07.20

Sobre o Livro #40 O Naturalista de Miguel Peres


Tânia Oliveira

Olá :)

"Well, I feel like they're talking/ In a language I don't speak/ And they're talking it to me"

(Canção: Talk, Coldplay)

Hoje a review é sobre a obra de estreia do primeiro romance curto do autor Miguel Peres. Este escritor português já não é novo nas andanças da literatura portuguesa. Publicou duas graphic novels: "Cinzas da Revolução" e em conjunto com 4 ilustradores brasileiros, "Graveyard of Dreams". Esta, última, foi publicada no Brasil, pela primeira vez. Contudo a sua experiência não se fica por aqui. Em conjunto com André Morgado fundaram a editora Bicho Carpinteira. Uma editora que se diferencia pela sua consciência ambiental e que promete ser diferente quanto a publicações de obras. Se quiserem saber mais sobre o autor, podem consultar a sua página do goodreads: https://www.goodreads.com/author/show/7133516.Miguel_Peres . 

Mas, vamos ao que interessa. O seu primeiro romance chama-se O Naturalista. Conta-nos a história de um sociólogo, já reformado, que é convidado a dar uma palestra. Aproveita essa oportunidade para discutir a sua mais recente teoria: o poder da Natureza, como ser consciente, e como ela pode estar a afetar a forma como a população se reproduz. Entre outras palavras, fala do papel homossexual da Natureza. Só esta premissa seria o suficiente para despertar o interesse do leitor, mas o escritor acrescentou mais um ponto de interesse: a forma como reagimos à informação que recebemos. 

A personagem principal Grader, tal como qualquer cientista que se preze, observa tudo à sua volta. É através destas observações que percebemos como a sociedade à sua volta funciona, como tudo muda de um dia para o outro. Como um simples gesto ou palavra pode ter diversas interpretações, mesmo que não seja essa a intenção do emissor. Miguel Peres foi excelente na forma como transmitiu a perseguição que Grader sofreu por maus entendidos, por não dizer nada ou dizer tudo, por olhar ou por não olhar, por se esconder ou por pura e simplesmente, ser educado o suficiente. 

Vou confessar uma coisa: enquanto lia este romance, fiquei com raiva, mesmo muita raiva de todas as personagens secundárias de que certo modo se aproveitaram da fragilidade de Grader, que já se encontra numa idade avançada. É uma fragilidade desvalorizada, desrespeitada pelos mais novos ou mesmo pelas pessoas da mesma faixa etária. Toda esta falta de empatia porque novas ideias ou velhos preconceitos não são aceites na sociedade, em que vivemos.

Todos estes sentimentos, todas estas situações são descritas de um modo fluído pelo autor. São capítulos curtos, mas intensos, em que deixam o leitor impaciente para ver o que vai acontecer a seguir. 

Em suma, fiquei encantada como a história foi contada. Fiquei revoltada por saber que o preconceito contra algo novo ou algo que é diferente não vai mudar tão depressa. Fiquei com o coração nas mãos por Grader. 

E já agora, se puderem adquiram esta obra. O autor tem um conjunto de 150 obras para vender e dar a conhecer o seu trabalho. Vamos apoiar este novo autor?

Agradeço desde já a cedência da obra ao autor, Miguel Peres. 

Ficaram curiosos?

Kisses,

Tânia Oliveira

 

 

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