Daniel Silva é um dos meus autores preferidos, no que toca a livros de espionagem/mistério/thrillers. Ele conseguiu criar um universo, que inclui diversas personagens complexas, ora amadas ora odiadas. E quando achamos impossível Daniel Silva inovar, fá-lo tanto com novas personagens, como com aquelas já existentes. É um dom que poucos autores possuem, ou que pelo menos, é aplicado de forma tão eficaz.
Neste livro, Gabriel Allon é chamado mais uma vez a intervir, depois de uma operação que estava a gerir ter dado para o torto. Este evento vai desenrolar toda uma história para descobrir um espião russo que se encontra no Ocidente, prestes a conseguir um lugar com muito poder. Esta é a sinopse do penúltimo livro dele. O último livro dele é a Rapariga Nova.
O que mais gostei neste livro?
A escrita de Daniel Silva para mim é mágica, chega mesmo a ser melodiosa. Como já li os livros todos da saga #GabrielAllon (só me falta o último), gosto de reler sobre as personagens que surgiram logo do início, Gabriel, Shamron. Como também gosto de conhecer as personagens mais vis, que aparecem em cada aventura ou que por vezes, reaparecem. Se os bons são bons, os maus são piores ainda.
Nos livros dele, o mistério e os plots twists andam de mãos dadas. Não podemos dar nada por garantido, somos surpreendidos pelas reviravoltas constantes. Como nos livros anteriores, a linguagem é acessível, a escrita é fluída e mesmo tendo por vezes, algumas componentes culturais ou históricas, não são explicadas até à exaustão. Este aspeto é dos que me agrada mais porque não é algo que é muito fácil de fazer pelos escritores.
O que não gostei neste livro?
Nada. Acho que é o meu lado fã a falar, mas não encontro aspetos negativos. No dia que encontrar, direi.
Gostam dos livros do Daniel Silva? Qual é a vossa personagem preferida?
Hoje é dia 23 de Abril, é o Dia Mundial do Livro. No contexto atual, as editoras estão a aproveitar este dia para venderem e contrariem a situação muito difícil que atravessam, por causa, do Covid-19. Se pudermos, dentro das nossas possibilidades - logicamente - ajudemos as editoras, os pequenos negócios, os escritores que emergiram. Sem eles, não teríamos novas histórias para descobrir e novos mundos para desvendar. Nesta pequena lista, vou revelar os 10 livros que me deram alta ressaca literária depois dos ler. São livros que me marcaram, desde o início do meu percurso como leitora. Não estão aqui todos, alguns ficarão, certamente, esquecidos. Não é por mal, mas é a aquela velha desculpa da idade.
Vamos lá... Só um aparte, irei colocar a avaliação do GoodReads (GR).
Margaret George fez uma pesquisa exaustiva sobre a vida de Cleópatra e criou uma trilogia lindíssima e viciante. 1º volume - A Filha de Ísis (GR: 4.12); 2º volume - O Signo de Afrodite (GR: 4.18); 3ª - O Beijo da Serpente (GR: 4.27)
2. "Memórias de uma Gueixa" de Arthur Golden.link no GR - Romance
Japão, anos 30. Arthur Golden conta-nos a história de uma gueixa de uma rara beleza, que faz de tudo para sobreviver num mundo cruel e sem piedade, onde o amor não é permitido entrar, mas entra...
Se tirarmos a parte "romântica" do livro, é somente espetacular, graças aos aspetos culturais da sociedade japonesa. (GR: 4.11)
Quando assistes a algo que não compreendes, devido à tua idade e todo um rol de acontecimentos começam, sem tu poderes consertar. Bem-vindos a Expiação, possivelmente uma das melhores obras de Ian Mcewan. Ah, já agora, passa-se em Inglaterra, em 1935 (GR: 3.90)
Um dia, acordas e todos estão cegos à exceção de ti. E agora? Como se cura esta pandemia? Livro que é uma autêntica crítica à sociedade. Descrições muito intensas. Um dos meus favoritos de sempre. (GR: 4.12)
Livro que alterna entre duas personagens femininas marcantes, cada uma à sua maneira, cada uma com a sua realidade obscura. Tem elementos da segunda guerra mundial que me marcaram muito. (GR: 4.35)
Se pudesses ficar com a tua aparência, ficarias? O que é mais importante? O Retrato de Dorian Gray responde-vos de uma forma mordaz. Livro repleto de crítica social. (GR: 4.08)
O primeiro livro que li sobre a Segunda Guerra Mundial. Livro obrigatório. Até ao fim, fiquei a rezar que ela sobrevivesse, apesar de saber, antemão, que não iria acontecer. (GR: 4.14)
Três gerações de mulheres da mesma família, passam por transformações sociais, económicas, culturais chinesas. Um olhar bem construído da sociedade chinesa. Importante ler para perceber a China da atualidade. (GR: 4.26)
9. "As Memórias da Águia e do Jaguar" de Isabel Allende.Link no GR - Romance Mágico/ Surrealismo / Young-Adult
Três livros escritos por Isabel Allende que me fizeram viajar pelo mundo do surrealismo e do romantismo mágico da literatura sul-americana, quando eu ainda não sabia o que era isso.
Conta as aventuras de Alexandre pelo mundo mágico das tribos, enquanto alerta para a situação das populações indígenas. 1º volume - A Cidade dos Deuses Selvagens (GR: 3.71); 2º volume - O Reino do Dragão de Ouro (GR: 3.85); 3º volume - A Floresta dos Pigmeus (GR: 3.77)
10. "Os Filhos da Droga" de Christiane F. Link no GR
Primeiro contacto que tive com a droga e as suas consequências foi com este livro. Li-o demasiado nova, contudo até hoje marcou-me. Uma história de vida impressionante! (GR: 4.20)
Caso queiram mais:
"As Memórias das Minhas Putas Tristes" de Gabriel García Marquez. Livro que me deixou triste, durante muito tempo. Conta a história de amor entre um senhor, quase no fim da vida, e de uma rapariga, na flor da idade. (GR: 3.60)
"O Homem de Constantinopla" de José Rodrigues dos Santos. Primeira parte de dois livros inspirada na vida de Calouste Gulbenkian. Aspetos culturais e injustiças sociais foram os aspetos que mais me marcaram. (GR: 4.02)
"O Labirinto dos Espíritos" de Carlos Ruíz Zafón. Último livro da tetralogia de Zafón. Livro que conclui todo um conjunto de personagens apaixonantes e horríveis, em Barcelona. Opinião Aqui.
Este post poderia muito começar com: Hello, amantes de teoria da conspiração. Prontos para uma sugestão feita, especialmente, para vocês?
O/A autor(a) deste livro, Nome de Código: Águia-Real, preferiu manter o anonimato devido às informações que obteve e que o/a inspiraram a escrever esta história.
A premissa da história é simples: o próximo homem a ser conhecido como Presidente dos EUA poderá ter sido casado uma espia da Europa do Leste. Demasiado semelhante à realidade, não?
Este livro é um thriller com um início lento, mas necessário para explicar todo o contexto em que a personagem principal, Grace, vai enfrentar, em busca da verdade. Com plots twists suficientes para agradar e agarrar um amante de thrillers, só me cativou a sério, a partir de mais de metade do livro. A partir daí, foi um turbilhão de emoções e de reviravoltas!
Apesar da escrita ser fluída e acessível, achei algumas passagens um pouco confusas, nomeadamente em cenas de ação. Não obstante esse aspeto, o leitor consegue ficar com uma ideia geral do objetivo do/a autor/a.
Nesta obra, o aspeto que gostei mais foi a diversidade das personagens femininas e a forma como a fragilidade/força de cada uma delas sobressaía de forma diferente.
Para ser sincera, os personagens masculinos, na sua maioria, meteram-me nojo fosse pelo tipo de comportamento descrito, fosse pelos diálogos que protagonizavam. Só dois personagens é que escaparam. Se quiserem saber quais forem, leiam e depois falamos.
Recomendo a quem gosta de thrillers, especialmente com uma vertente bem política com um misto de espionagem, pelo meio.
"A Guerra Aqui Tão Perto" é uma obra de ficção inspirada numa parte da história da Segunda Guerra Mundial pouco conhecida ou falada, os campos de realojamento ou de concentração dos EUA. Apesar das condições destes lugares não se assemelharem, por exemplo aos campos nazis, as pessoas que viviam lá: não tinham liberdade para sair e a comida era racionada, entre outros fatores. A criação destes campos foi, supostamente, uma resposta do governo norte-americano ao ataque japonês feito contra o Pearl Harbour. Estes lugares serviam para realojar alemães, japoneses e italianos suspeitos de espionagem ou na minha modesta opinião, por serem, simplesmente, incómodos para os seus vizinhos norte-americanos. O campo que serviu de inspiração histórica à escritora foi o de Crystal City.
Esta pequena introdução histórica é relevante para compreenderem o porquê deste livro se diferenciar de tantos outros dentro desta temática.
A sinopse do livro baseia-se em duas raparigas, uma alemã e outra japonesa, que em circunstâncias completamente imprevisíveis encontram, uma na outra, o conforto que precisam para enfrentar os obstáculos que aquele campo representa para cada uma das famílias.
A autora alterna entre Margot e Haruko para demonstrar os sentimentos que cada uma sentia, em relação ao campo, às famílias e especialmente, à outra. Para mim, esta é uma das melhores características desta obra. A relação entre as duas, as insinuações, o medo de serem descobertas, o receio de assumirem aquilo que lhes ia nas almas. Não há um comportamento explícito, mas acaba por existir um comportamento bastante comprometedor para elas. Para mim, foi uma das mais bonitas histórias de amor ou não-amor que já li desde sempre.
Todavia este livro não é só maravilhoso, por causa, desta história. A autora conseguiu incorporar muitos dados e informações históricas de registos, de entrevistas no livro. Não são colocadas de forma forçada. São descritos com uma suavidade encantadora.
Que mais posso dizer sobre este livro?
Leiam-no, devorem-no até à última página e... Já agora, digam-me o que acharam.
"A nossa única hipótese de fuga acabava de desaparecer."
Eva Mozes Kor
"Se eu tivesse morrido, Mengele teria dado uma injeção letal à minha irmã para fazer uma autópsia dupla. Só me lembro de repetir para mim mesma: tenho de sobreviver, tenho de sobreviver."
As Gémeas de Auschtiwz é um livro não-ficção young adult em que o testemunho de Eva Mozes Kor é relatado pelas mãos de Lisa Rojany Buccieri.
A sinopse deste livro resume-se a alguns fatos terríveis, data à época em que ocorreu.
Eva e Miriam eram judias.
Eva e Miriam eram gémeas.
Eva e Miriam foram cobaias de Mengele.
(médico que usava judeus de campos de concentração para estudar o corpo humano
e fazer as mais terríveis experiências inimagináveis)
A premissa de ir para um campo de concentração e sobreviver é semelhante a tantas outras obras desta temática. Todavia, marca a diferença com a inclusão de uma personalidade nazi: Josef Mengele, ou também outrora conhecido como "Anjo da Morte". Para quem desconhece o nível atingido pela monstruosidade do Dr. Mengele, vou só dar-vos uma pequena noção: usava gémeos, anões, pessoas com deficiência física ou mental, grávidas ou humanos de "raça inferior" para estudar ou fazer experiências sádicas e cruéis de forma a obter os resultados que pretendia - estudar a genética humana de modo a que a população ariana crescesse rapidamente. Como Eva e Miriam eram gémeas, foi esse fator que as salvou das câmaras de gás, mas condenou-as a serem cobaias de Mengele.
Foi este fator que me despertou uma grande curiosidade para ler este livro. Não achei que este aspeto tivesse sido desenvolvido o suficiente. Mas, ao contrário de outros livros, este não me desiludiu, por causa disso.
As Gémeas de Auschwitz, como disse antes, é um testemunho. E à medida que o leitor mergulha no testemunho de Eva, ouve-se a sua voz. Sente-se a força que ela teve para sobreviver e poder espalhar a sua história e de tantas outras cobaias pelo mundo fora. O leitor percebe que a coautora Lisa Rojany Buccieri teve a dura tarefa de escrever e de organizar as ideias de Eva, mas todo o texto pertence a Eva. E este aspeto foi aquele que mais gostei do livro.
O capítulo que mais me tocou foi o epílogo: sente-se na pele toda a dor, tudo aquilo que Eva teve de enfrentar, tanto a nível físico, como mental para ultrapassar todos os pesadelos e todas as dores que Auschwitz lhe provocou, que um conjunto de seres humanos lhe provocou por ser judia.
Esta obra é uma obra de não-ficção para os mais jovens. Mas se tivesse de recomendar este livro, recomendaria a todos, especialmente aos mais jovens.
#thrillernocoelho - desafio organizado pela A Mulher que Ama os Livros e AngiexReads
Tânia Barriga
"Os problemas do mundo irão chegar ao fim quando todas as nações, em harmonia, com as leis que regem os direitos de autor, obrigarem a que o Antigo Testamento seja prefaciado: Esta é uma obra de ficção. Por favor, mantenha-a longe das crianças."
Albino Luciani, 13 anos.
Esta citação marca o início desta obra. A Morte do Papa é um thriller escrito por Nuno Nepomuceno, inspirado em fatos reais sobre a morte do Papa João Paulo I, também conhecido como o Papa Sorriso de Deus. O seu pontificado durou somente 33 dias, segundo a versão oficial do Vaticano.
A sinopse deste livro baseia-se nas circunstâncias duvidosas da morte do papa Mateus I (nome do papa do livro) e no papel desempenhado por um conjunto de personagens: ou no encobrimento ou na revelação dessas mesmas circunstâncias. Contudo, este livro não se resume somente a estes factos, isso seria aborrecido! Estejam descansados, este livro é tudo, menos aborrecido!
Esta obra conta, mais uma vez, com algumas personagens conhecidas do universo criado pelo autor, como por exemplo Afonso, Diana, Rodrigo, Ahmad, entre outras.
Porque é que gostei tanto do livro?
O autor, neste livro, foi atrevido e não teve quaisquer papas na língua. Quando um thriller aborda a religião acaba, normalmente, de duas formas: ou é muito informativo e no final, já só se torna chato ou tens informações relevantes, qb em quantidade, e o livro entusiasma o leitor. Nuno expõe os argumentos do seu livro, sem medos, que se reflete nas personagens, na linguagem usada e na forma como tudo é descrito. Tudo aquilo que os leitores possam pensar sobre o Vaticano, é exposto. Ninguém e nada é poupado.
Apesar da complexidade, a linguagem não deixa de ser acessível, mesmo quando são diálogos, entre personagens de relevo do Vaticano, e existe formalidade na forma de tratamento e conteúdo dos diálogos. Uma das coisas que mais gostei neste livro, para além da linguagem, foram as personagens. Por ser um thriller religioso, o leitor pode pensar que existem personagens 100% boas e 100% más. No universo de Nuno Nepomuceno, não existe tal designação. Temos diversos tipos de personagens que agradarão a gregos e troianos. As personagens ditas "boas" sofrem com os seus próprios demónios e frustrações, como as personagens "más", por vezes, têm um vislumbre de bondade nas suas atitudes. Tal como em livros anteriores, o cristianismo e o islamismo encontram-se nos livros do autor, mas sem favoritismos, o que hoje em dia, é de louvar.
Recomendo este livro a quem gosta de thrillers, especialmente aqueles que possuem uma forte vertente religiosa.